quinta-feira, 7 de novembro de 2013

JESUS NA SAMARIA

Ilustração : Internet Jesus e a samaritana
    Allan Kardec, no "Evangelho Segundo o Espiritismo"  descreve sobre os Samaritanos na época de Jesus.
"Samaritanos – Após o cisma das dez tribos, Samaria tornou-se a capital do reino dissidente de Israel. Destruída e reconstruída várias vezes, ela foi, sob o domínio romano, a sede administrativa da Samaria, uma das quatro divisões da palestina. Herodes, chamado o Grande, a embelezou com suntuosos monumentos e, para lisonjear Augusto, deu-lhe o nome de Augusta, em grego Sebaste.
      Os samaritanos estiveram quase sempre em guerra com os reis de Judá. Aversão profunda, datando da época da separação, perpetuou-se entre os dois povos que evitaram todas as relações recíprocas. Os samaritanos, para tornarem mais profunda a cisão e não terem de vir a Jerusalém pela celebração das festas religiosas, construíram para si um templo particular e adotaram algumas reformas. Somente admitiam o Pentateuco, que continha a lei de Moisés, e rejeitavam todos os outros livros, que a esse foram depois anexados. Seus livros sagrados eram escritos em caracteres hebraicos da mais alta antiguidade. Aos olhos dos judeus ortodoxos, eles eram heréticos e, portanto, desprezados, anatematizados e perseguidos. O antagonismo das duas nações tinha, pois, por único princípio a divergência das opiniões religiosas, embora suas crenças tivessem a mesma origem. Eram os protestantes daquele tempo.
     Ainda hoje se encontram samaritanos em algumas regiões do Mediterrâneo oriental, particularmente em Nablus e em Jaffa. Observam a lei de Moisés com mais rigor que os outros judeus e só se casam entre si."
O Evangelho Segundo o Espiritismo – Allan Kardec- E-book - Amazon 



Fonte: Canal Mórmon

 Nesse episódio podemos observar a sensibilidade de Jesus em acessar os registros no plano mental do corpo espiritual da samaritana, onde narrou fatos íntimos da vida dela.
   Ela tinha boa vontade, mas devido a viver no meio de  divergências religiosas não sabia qual a melhor forma de  adorar a Deus.
  Jesus, aproveitando-se do momento em que lhe pediu água  oferece-lhe a água viva da vida, que vinha direto do amor infinito de Deus; e ensinou que o verdadeiro culto a Deus é a íntima comunhão entre o homem e o seu Criador.
   Devido ao grande amor e magnetismo de Jesus ela o compreendeu; mas, apesar de Jesus levar a mensagem a outros samaritanos, muitos desses, não o compreendeu.
V. Lau

Atualizado em: Natal (RN) 02/04/2016
João 4
Jesus entre os Samaritanos
1 Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João –(2) ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos – (3) deixou a Judeia e retornou à Galiléia. (4) Era preciso passar pela Samaria.
(5) Chegou , então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó havia dado a seu filho José. (6) Alí se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta.
     (7) Uma mulher da Samaria chegou para tirar água, Jesus lhe disse: “Dá-me de beber!” (8) Seus discípulos haviam ido à cidade comprar alimento. (9) Diz-lhe, então, a samaritana: “Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?” (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.) (10) Jesus lhe respondeu:
“Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: Dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!”
(11) Ela lhe disse: “Senhor, nem sequer tens vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? (12) És porventura maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do  qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?” (13) Jesus lhe respondeu:
“Aquele que bebe desta água terá sede novamente;
(14) mas quem beber da água que lhe darei, nunca mais terá sede.
Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água Jorrando para a vida eterna”.
(15) Disse-lhe a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!” (16) Jesus disse: “Vai, chama teu marido e volta aqui”. (17) A mulher lhe respondeu: “Não tenho marido”. Jesus lhe disse: “Falaste bem: ‘não tenho marido’, (18) pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade”.  (19) Disse-lhe a mulher: “Senhor, vejo que és profeta... (20) Nossos pais adoraram nesta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar”. (21) Jesus lhe disse:
Acredita-me, mulher, vem a hora em que nem nesta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai.
(22) Vós adorais o que não conheceis; nó adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.
(23) Mas vem a hora – e é agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura.
(24) Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”.
(25) A mulher lhe disse: “Sei que vem um Messias (que se chama Cristo). Quando ele vier, nos explicará tudo”. (26) Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que falo contigo”.
(27) Naquele instante, chegaram seus discípulos e admiravam-se de que falasse com uma mulher; nenhum deles, porém, lhe perguntou: “Que procuras?” ou: “Que falas com ela?” (28) A mulher, então, deixou seu cântaro e correu à cidade, dizendo a todos: (29) “Vinde ver um homem que me disse tudo o que fiz. Não seria ele o Cristo?” (30) Eles saíram da cidade e foram ao seu encontro.
(31) Enquanto isso, os discípulos rogavam-lhe: “Rabi, come!” (32) Ele, porém, lhes disse: “Tenho para comer um alimento que não conheceis”. (33) Os discípulos se perguntavam uns aos outros: “Por acaso alguém lhe teria trazido algo para comer?” (34) Jesus lhes disse: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra.
(35) Não dizeis vós: ‘Ainda quatro meses e chegará a colheita’? Pois bem, eu vos digo: Erguei vossos olhos e vede os campos: estão brancos para a colheita. Já o ceifeiro recebe seu salário e recolhe fruto para a vida eterna, para que o semeador se alegre juntamente com o ceifeiro.
(37) Aqui, pois, se verifica o provérbio: ‘Um é o que semeia, outro o que ceifa’. (38) Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhastes; outros trabalharam e vós entrastes no trabalho deles”.
(39) Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher que dava testemunho: “Ele me disse tudo o que fiz!” (40) Por isso, os samaritanos vieram até ele, pedindo-lhe que permanecesse com eles. E ele ficou ali dois dias. (41) Bem mais numerosos foram os que creram por causa da palavra dele; (42) e diziam à mulher: “Já não é por causa de teus dizeres que cremos. Nós próprios o ouvimos, e sabemos que esse é verdadeiramente o salvador do mundo”.
BÍBLIA DE JERUSALÉM – Nova edição, revista e ampliada. Tradução do texto em língua portuguesa diretamente dos originais. PAULUS – 2002 -  São Paulo.

Pedro Leopoldo (MG), 9 de novembro de 1940.

Espírito Humberto de Campos

     Descendo Jesus, de Jerusalém para Cafarnaum, seguido de alguns dos discípulos, nas suas habituais jornadas a pé, alcançou a Samaria, quando o crepúsculo já se fazia mais sombrio.
     Filipe, André e Tiago, estando com muita fome, deixaram o Mestre a repousar junto de uma pequena herdade e demandaram o lugarejo mais próximo, em busca de alimentos.
     O Messias, olhando em torno de si, reconheceu que se encontrava ao lado da fonte de Jacó. Envolvida nos revérberos do sol que ia ceder lugar às sombras da noite que se aproximavam, uma mulher acercou-se do antigo poço e observou que o Mestre lhe ia ao encontro, com a bela e costumeira placidez do seu semblante, e lhe pedia de beber.
     - Como, sendo tu judeu, me pedes um favor a mim, que sou samaritana? – interrogou surpreendida.
      Jesus descansou na interlocutora o olhar tranquilo e redarguiu: - Os judeus e samaritanos terão, porventura, necessidades diversas entre si? Bem se vê que não conheces os dons de Deus, porquanto, se houvesses guardado os mandamentos divinos compreenderias que te posso dar da água viva.
     - Que vem a ser essa água viva? – inquiriu a samaritana impressionada. – Onde a tens, se a água aqui existente é apenas a deste poço?! Acaso serias maior do que o nosso pai Jacó que no-lo deu desde o princípio?
     - Mulher, a água viva é aquela que sacia toda sede; vem do amor infinito de Deus e santifica as criaturas.
     E, envolvendo a samaritana no doce magnetismo de seu olhar, continuou:
     - Este poço de Jacó secará um dia. No leito de terra, onde agora repousam suas águas claras, a serpente poderá fazer seu ninho. Não sentes a verdade de minhas afirmativas, ante a tua sede de todos os dias? Não obstante levares cheio o cântaro, voltarás logo mais ao poço, com uma nova sede. Entretanto, os que beberem da água viva estarão eternamente saciados. Para esses não mais haverá a necessidade material que se renova a cada instante da vida. Perene conforto lhes refrescará os corações, pelos caminhos mais acidentados, sob o sol ardente dos desertos do mundo!...
     A mulher escutava, presa de funda impressão, aquelas palavras que lhe chegavam ao santuário do espírito, com a solenidade de uma nova revelação.
     - Senhor, dá-me dessa água! – exclamou interessada.
     - Mas ouve! – disse-lhes Jesus. E o Mestre passou a esclarecê-la sobre fatos e circunstâncias íntimas de sua vida particular, explicando-lhe o que se fazia necessário para que a sagrada emoção do amor divino lhe iluminasse a alma, afastando-a de todas as necessidades penosas da existência material.
     Observando que não havia segredos para Jesus, a samaritana chorou e respondeu:
     - Senhor, agora vejo que és de fato um profeta de Deus. Meu espírito está cheio de boa vontade e, desde muito, penso na melhor maneira de purificar minha vida e santificar os meus atos. Entretanto, é tal a confusão que observo em torno de mim, que não sei como adorar a Deus. Os meus familiares e vizinhos afirmam que é indispensável celebrar o culto ao Todo-Poderoso neste monte; os judeus nos combatem e asseveram que nenhuma cerimônia terá valor fora dos muros de Jerusalém. As discórdias nesta região têm chegado ao cúmulo. Ainda há pouco tempo, um judeu feriu um dos nossos, por causa das suas opiniões acerca da comida impura. Já que tenho a felicidade de ouvir as tuas palavras, ensina-me o melhor caminho.
     O mestre observou-a, compadecido, exclamou:
     - Tens razão. As divergências religiosas têm implantado a maior desunião entre os membros da grande família humana. Entretanto, o Pastor vem ao redil para reunir as ovelhas que os lobos dispersaram. Em verdade, afirmo-te que virá um tempo em que não se adorará a Deus nem neste monte, nem no templo suntuoso de Jerusalém, porque o Pai é Espirito e só em espírito deve ser adorado. Por isso, venho abrir o templo dos corações sinceros para que todo culto a Deus se converta em íntima comunhão entre o homem e o seu Criador!
      Suave silencio se fez entre ambos. Enquanto Jesus parecia sondar o invisível com o seu luminoso olhar, a samaritana meditava.

     Daí a alguns instantes, acompanhados de grande número de populares, chegavam os discípulos, admirando-se todos de encontrarem o Messias em conversação íntima com uma mulher. Nenhum deles, todavia, aventurou qualquer observação menos digna ou imprudente. Observando que o Messias se preparava para retirar-se em busca da aldeia mais próxima, a samaritana, eminentemente impressionada com as suas revelações, solicitou a presença de todos os seus familiares e vizinhos, afim de que o conhecessem e lhe ouvissem a palavra.
     Tiago e André haviam trazido pão e algumas frutas e insistiam com Jesus para que se alimentasse. O Mestre, porém, aproveitou o instante para mais uma vez ensinar o caminho do Reino, com as suas palavras amigas, compondo parábolas singelas. Muita gente se aglomerara para ouvi-lo. Eram viajantes que demandavam regiões diferentes, a par de grande grupo de samaritanos de opiniões exaltadas. A enorme assembleia se pôs a caminho, mas o Messias continuou espalhando as suas promessas de esperança e de consolação.
     Nesse ínterim, Filipe consultou os companheiros e, aproximando-se de Jesus, rogou-lhe carinhosamente:
     - Mestre, por favor, aceitai um pouco de pão! É indispensável cuidardes do sustento! Descansai e comei!...
     - Não te preocupes, Filipe – disse o Messias, com reconhecimento -, não tenho fome. Aliás, recebo um alimento que talvez os meus próprios discípulos ainda não puderam conhecer.
     - Qual? – atalhou o apóstolo, com interesse.
     - Antes de tudo, meu alimento é fazer a vontade daquele Pai misericordioso e justo que a este mundo me enviou, a fim de ensinar o seu amor e a sua verdade. Meu sustento é realizar a sua obra.
     - É verdade – observou o discípulo, olhando a multidão que os acompanhava -, vedes melhor os corações e não podemos perder esta oportunidade de divulgação da Boa Nova. Levaremos para Cafarnaum mais este triunfo, porque é incontestável que obtivestes aqui, entre os samaritanos, um dos nossos maiores êxitos!...
     Tiago e André ouviam, silenciosos, o diálogo.
     Às palavras entusiásticas do Apóstolo, o Mestre sorriu e acrescentou:
     - Não é isso propriamente o que me interessa. O êxito mundano pode ser uma ondulação de superfície. O de que necessitamos, em todas as situações, é entender o que o Pai deseja de nós. Como todo o seu anelo é o do bem, eu trabalho, mas sem me prender ao anseio das vitórias imediatas.
     E, dirigindo o olhar para a turba compacta de seus seguidores, exclamou para os companheiros:
     - Acaso poderemos admitir que já somos compreendidos? Calemo-nos por alguns instantes, a fim de ouvirmos a opinião dos que nos seguem os passos.
     Fez-se silêncio entre Ele e os três discípulos, de modo que podiam ouvir distintamente os diálogos travados entre os que os acompanhavam.
     - Acreditas que seja este homem o Cristo prometido? – perguntava um samaritano de boa figura aos seus amigos. – De minha parte, não aceito semelhante impostura. Este Nazareno é um explorador da piedade popular.
     - É certo – concordava o interpelado -, mesmo porque, em sua terra, não chega valer um denário. Pelos próprios parentes é tido como inimigo do trabalho e há quem duvide da sua preguiçosa cabeça.
     - É um louco de boa aparência – dizia uma mulher idosa para a filha - , pelo menos essa é a opinião que já ouvi de habitantes de Cafarnaum; entretanto, cá para mim, acredito seja um grande velhaco. Por que se meteu com pescadores, quando alega ser tão sábio? Por que não se transfere para Jerusalém, ou mesmo para o Tiberíades? Bem sabe a razão disso. Lá encontraria homens cultos que lhe confundiriam a presunção.
     Mais próximo de Jesus, um rapas sentenciava em voz discreta:  - Quando chegamos, foi Ele achado sozinho com uma mulher. Que te parece esta circunstância? – perguntava a um companheiro de caminhada.
     - Certamente desejava salvá-la a seu modo... – replicou com malicioso riso o inquirido.
     Num grupo vizinho, falava-se acaloradamente:
     - Este homem é um espertalhão orgulhoso – dizia, convicto, um velhote -, só faz milagres junto das grandes multidões, para que sintam virtudes sobrenaturais nas suas mágicas.
     - E não tem caridade – acrescentou outro -, pois ainda há pouco tempo, quando o procuraram em Cafarnaum para um sinal do Céu, fugiu para o monte, sob o pretexto de fazer orações.
     A noite começava a cair de todo. No alto já brilhavam as primeiras estrelas. Jesus sentou-se com os discípulos, à margem do caminho, para um momento de repouso.


     André, Tiago e Filipe estavam espantados com o que tinham visto e ouvido. Aparentemente, o Mestre fora aureolado de imenso êxito; entretanto, verificaram a profunda incompreensão do povo. Foi então que Jesus, com a serenidade de todos os instantes, os esclareceu cheio da sua bondade imperturbável:
     - Não vos admireis da lição deste dia. Quando veio, o Batista procurou o deserto, nutrindo-se de mel selvagem. Os homens alegaram que em sua companhia estava o espírito de Satanás. A mim, pelo motivo de participar das alegrias do Evangelho, chamam-me glutão e beberrão. Esta é a imagem do campo onde temos de operar. Por toda parte encontraremos samaritanos discutidores, atentos aos êxitos e referências do mundo. Observai a estrada para não cairdes, porque o discípulo do Evangelho não se pode preocupar senão com a vontade de Deus, com o seu trabalho sob as vistas do Pai e com a aprovação da sua consciência.
“Boa Nova” – pelo Espírito de Humberto de Campos – psicografado por Francisco Cândido Xavier. 36ª ed. Brasília: FEB, 2013.

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